As cantaroladas da minha amiga Vanessa fizeram-me lembrar um texto que escrevi há algum tempo atrás e tendo em conta que hoje só há casais felizes na rua, fiquem com uma pequena amostra de algo que um dia eu chamei AMAR.
Eles
não sabem nem sonham, como a saudade mata e destrói este coração apaixonado.
Passam como fantasmas por entre esquinas de ruas e ruelas onde outrora nos
amámos.
Não
podem imaginar o que é olhar o que parece vazio e ver uma imensidão de momentos
vividos, já passados, mas agora relembrados por este corpo que, imóvel, olha de
novo para cada um desses momentos, com vontade de viver ainda mais o que eles
não vêm, mas eu senti.
O tempo passa
e com eles nada será lembrado ou vivido, mas a saudade fica, apertando,
obrigando-me a não esquecer aquilo que o tempo jamais apagará da minha memória.
Eles poderiam até sonhar, mas nem isso sabem.
Perdidos
andam, sem ver estas lágrimas que me aconchegam quando fecho os olhos e volto
àquele banco daquele jardim, onde me deitei no teu colo e comecei a contar as
folhas daquela árvore, com um sorriso luminoso, sem querer saber do tempo,
apreciando ao máximo a felicidade de estar nos teus braços, aninhada no nosso
mundo, enquanto sorrias e me protegias como uma criança.
E choro ainda
mais quando vejo aquela rua apinhada de gente, de trás para a frente, sem
reparar em nós, abraçados numa esquina, consolando os soluços de dor de cada
um, num abraço bem apertado, com medo da hora da despedida. Chorávamos, não com
medo do fim, mas com a certeza da saudade que iria permanecer nos nossos
corações.
Nem eu, nem tu
conseguimos conter estes sentimentos e nem assim eles foram capazes de nos ver,
para saberem como o amor é feito de momentos partilhados a dois ou com quem pára
para olhar e ficar a sonhar com um amor assim.
Apenas esta
cidade adormece e acorda todos os dias com a certeza de que um dia, ao virar de
uma esquina, no banco de um jardim, numa livraria, num teatro, num cinema, num
barco, num comboio… onde passámos, o nosso amor ficou com ela e, apesar da distância,
também no meu coração.
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