terça-feira, abril 08, 2014

A princesa e o anjo negro



Ele passou sem lhe olhar. Trazia a sua capa que escondia o seu rosto e os seus segredos mais profundos. Um anjo negro que tinha entrado na sua vida como uma corrente de ar que invade a nossa alma sem aviso. Só ela sabia o peso que aquela criatura carregava no seu coracao. Amava em sofrimento mas ela amava-o em silêncio, calando aquilo que o seu peito não negava. Mesmo que ele mal a olhasse, sabia que pensava em si. Saberia ele o mesmo? 

Ela era uma princesa, um diamante demasiado precioso perdido na floresta, cujo preço ele jamais poderia pagar. Mas ele estava disposto a dar a sua vida, o seu sangue, nem que fosse apenas pelo seu sorriso. Por isso não a olhava. Não queria ver as lágrimas que ela deixava cair à sua passagem, as mesmas que lhe caiam na capa como pequenas gostas de chuva. As mesmas que ele carregava juntamente com a sua dor. 

Doía mas não desistia até a ver sorrir; nem mesmo ela desistia de o ver passar, esperando pelo dia de luta. E esse dia chegou. Do seu manto o anjo negro deixou um rasto de rosas pretas e, sem aviso, lançou uma rosa solta com um pequeno papel: quando me vires passar, sorri porque te amo!... ela chorou ainda mais mas sorriu e nesse instante os olhos daquele anjo negro olharam-na também com lágrimas e um sorriso. Ele era o fruto proibido e ela a sua verdadeira alma. Negra era apenas a sua capa e só a princesa via a verdadeira cor da sua alma, transparente, cheia de amor para dar, cheia de vida... por ela! Tudo por ela.

Ana de Quina F.

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