Depois de um mesito de férias - ou não - prometo tentar ser mais assídua neste blog, embora me agrade a ideia de ficar longe das tecnologias o máximo de tempo possível. Cada vez sinto mais falta de não ter televisão, nem telemóvel, nem computadores... nada que queira controlar a minha mente e o que eu faço com o meu precioso tempo. Mas claro, nem tudo é mau e tendo este cantinho para estar mais perto de quem está longe, convém não rejeitar totalmente estas coisas. É por isso mesmo que hoje decidi lembrar uma das viagens mais bonitas que já fiz pelo nosso país, e aproveitar, também, para fazer um pouco de publicidade e ajudar a divulgar as coisas boas que ainda temos - uma vez que nas noticias é tudo demasiado mau e já não aguento tanta coisa ruim.
Não poderia faltar mais uma visita à linda cidade de Miranda. Começa a tornar-se um local de eleição para passar uma bela tarde, seja que época do ano for. Finalmente - e depois de muito tempo em desejar tornar realidade esta vontade que tinha - fui fazer a tal famosa visita de cruzeiro no rio Douro em plena fronteira, que divide o lado espanhol do lado português. Custa um pouco ver que, se calhar, os espanhóis promovem mais e melhor o património que têm e quem fica a perder com isso somos sempre nós. Mas quem poder ou simplesmente passar por lá num saltinho, tire um tempo para fazer esta visita, porque vale muito a pena. Convém salientar que a companhia também importa!
Ao chegarmos, encontramos um parque bastante agradável para passear, com uma escadaria que nos permite ter uma vista do douro bastante agradável. No parque principal temos a bilheteira e o famoso cruzeiro que leva até 120 pessoa sentadas. Existem também excursões de grupo - até 20 pessoas por grupo -, com almoço incluído, que são de duas horas e sobe quase até à barragem espanhola. Quem não tiver oportunidade de fazer esse mais prolongado, contenta-se bem com o passeio de uma hora. Certamente que vai abrir o apetite para voltar a repetir a experiência. O barco é bastante agradável, todo aberto e, melhor de tudo, não nos faz enjoar.
Todo o percurso é feito sentado e convém não falar ou pelo menos falar alto - coisa que para os espanhóis e para os portugueses transmontanos é bastante difícil... isto para não falar nas crianças! A guia que nos acompanha bem tenta salientar a importância dessa regra fundamental do cruzeiro, mas sem sucesso. Esta, durante o percurso, fala sempre nas duas línguas, ora português, ora espanhol. Assim ninguém se chateia nem se sente excluído. Em último caso teríamos sempre opção do "portunhol" mas isso ia ser muito mau para os nossos ouvidos. Fico agora a pensar como seriam as excursões em mirandês... certamente um quebra cabeças, mas até seria interessante.
Fiquei admirada por ver uma fauna e uma flora tão rica numa zona que parece tão agreste. É engraçado comparar o lado espanhol, mais seco e mais rochoso, com o lado português mais verdejante, noção que só se tem apenas no local e que do cimo da cidade não nos dá essa percepção. Adorei saber que há lontras no rio, embora não tenhamos visto nenhuma, uma vez que são muito difíceis de ver à superfície. Os ninhos da cegonha negra parecem uma obra prima da natureza e ao vermos as águias reais planarem por cima de nós, sentimos-nos impotentes. O ar não podia ser mais puro e prova disso são as manchas amarelas nos rochedos que, aparentemente, são seres vivos que apenas existem ali precisamente pelo ar ser tão puro.
A parte mais assustadora é quando passamos por um penhasco, cujas pedras caem de 100 em 100 anos e ao ouvirmos que não sabem quando foi que a ultima pedra caiu, é realmente algo inconfortável. Esperamos apenas que seja uma piada para as pessoas não se aborrecerem. O pior de fazer a visita nesta altura do ano é não poder ver a cascata de inverno, que apenas se forma em tempos de chuva... mas fica mais um motivo para fazer uma nova visita a este lugar lindo. De regresso, podemos sair do barco e ficar à vontade para apreciar melhor a beleza e a natureza que nos rodeia e para tirar algumas fotografias de recordação.
Quando pensamos que tudo acabou, temos então uma prova de vinhos do porto, já em terra, e um espectáculo de aves de rapina bastante animado. Muito mais haverá para ver e saber mas não convém contar tudo, se não perde a piada para quem decidir lá ir. No geral, são 16euros bem empregues e uma tarde bem passada em terras fronteiriças. Ainda assim, sobra sempre tempo para um passeio na cidade e ir, pelo menos, até à sé fazer uma visita. Agora a próxima visita que espero fazer será ao Parque Natural de Montesinho, para voltar a renovar o ar dos pulmões.
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