sábado, março 17, 2012

O meu Bolinhas!

Que saudades tenho eu do meu bolinhas. Certamente será um nome um pouco estranho para se dar a um carro, ou não fosse este nossa mania de querermos dar nomes às coisas que nos são mais queridas, mas uma vez que o meu carrinho tem um aspecto a dar pro redondo, não é muito grande e é altamente fofo (o que será um carro fofo?), baptizei-o com um nome igualmente fofinho e querido: bolinhas! Depois há aquelas mentes destrutivas, que não vale a pena dizer os nomes, não é menino Rui e menino Daniel?, que preferem chamá-lo de charuto, sabe Deus porquê. Para mim tudo se resume a inveja do meu bolinhas ser como é, e não fosse ele azul mas sim preto, seria acima de perfeito!

É estranho não o ter aqui sempre à mão para dar umas voltinhas, ir até à cidade fazer compras, ir ter com os amigos para beber um café, conversar e ver um filme (e só o facto do bolinhas estar à porta dos amigos já era sinal que o amigo era mais do que isso...), ir até ao café nas noites geladas de inverno e ligar a sofagem no máximo até voltar a ser verão (há pois, ar condicionado é só para quem pode e num carro em segunda mão não podemos ser esquisitos), ir até ao santo dar uma volta ao final da tarde para fazer umas corridas ou ao fim da noite para o dia seguinte ser melhor. Embora não tenha saudades nenhumas das manhãs geladas transmontanas, tenho saudades de ver o meu bolinhas azul ficar completamente branco por causa das geadas fenomenais que caiam durante a noite e lá tinha eu de ficar com os dedos igualmente congelados ao retirar algum desse gelo com as mãos. Saudades dos passeios com as amigas e as conversas e desabafos dentro do bolinhas... e o mundo podia estar a desabar lá fora ou até mesmo dentro de nós, mas ali dentro, tudo estava bem.


E o que realmente me faz falta são aquelas viagens nocturnas depois do curso, onde a música era a minha grande companheira e me ajudava a passar por entre nevoeiros cerrados ou por uma estrada deserta com o céu estrelado por cima de mim, levando-me igualmente para lugares do meu pensamento, que talvez nem deviam ser explorados, mas sem dúvida que eram 20/30 minutos de reflexão e de sentimentos que me ajudavam a suportar tudo o que naquele tempo parecia impossível ou simplesmente improvável. Se não fosse o meu bolinhas, certamente que esses momentos não teriam acontecido e essas viagens não teriam sido as mesmas.

E claro, a única coisa que falta mencionar são as magnificas operações stops dos senhores guardas que teimavam em mandar parar o meu bolinhas. Em seis anos de carta e cinco a conduzir com o meu carrinho, NUNCA mas mesmo NUNCA fui mandada parar aqui pelo Estoril ou por onde quer que fosse... bastou-me ter ido passar 5 meses a Argozelo para parar em 7 operações stops, sendo já mais do que conhecida pelos senhores guardas que teimavam em mandar a boca "a menina anda perdida cá para cima", como se tivessem alguma coisa a ver com a minha vida. Tirando este inconveniente, agora só resta esperar para regressar à terrinha e voltar a conduzir o meu bolinhas e viver novas aventuras com ele!

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