sábado, março 22, 2014

Maria e José

Embora não seja muito a minha praia, ao saber que iria haver um concurso de poesia no concelho de Vimioso, decidi participar. O que tinha a perder? Nada. O que tinha a ganhar? Bom, pelo menos teria participado e permitido que houvesse interesse por parte dos organizadores na possibilidade de voltar a realizar mais eventos culturais como este, que escasseiam em demasia nesta região. Só por isso, já valia a pena participar. Mas Quiseram dar-me uma prenda a mais no dia dos meus anos e que ganhasse o primeiro prémio do concurso, então assim sendo, aqui fica o poema que me proporcionou essa vitória. Contudo, espero que comecem finalmente a olhar para estes eventos com outros olhos e a dar oportunidades a novos talentos.



Maria e José

Maria era o seu nome. Algo simbólico e de milagroso, como aquele dia de Agosto.
Passeava despreocupada, livre e desimpedida, carregando o seu desgosto.
Também se podia chamar Madalena, por ter chorado dias a fio
Um amor que tinha acabado em palavras, mas não em gestos que ela não viu.
Ainda assim, não era Madalena, era apenas Maria
E carregava o coração coberto de espinhos… E ainda assim, sorria!

Era dia de festa e naquele momento, por momentos, esquecia.
Recordava outras tardes, outras festas, outras alegrias.
Conseguia ainda sentir aquele amor, mesmo não estando presente.
Via-o sorrir para si… O seu José ou o seu Deus….E foi aí que o milagre se deu!

No meio da multidão, uma aparição.
Ali estava ele, de forma inesperada,
Da mesma forma que tinha desaparecido e o amor acabava.
No seu olhar, José carregava o erro da sua ação,
O anseio de apagar tudo, desejando o seu perdão.
Perdão que não tardou a chegar dos braços de Maria,
Que depressa o abraçou… o seu José… o seu amor… a sua vida!

Maria sonhava agora com um futuro que já dava como perdido.
Sentia-se como aquele rio que percorria o seu caminho,
Atravessando fronteiras, enfrentando qualquer perigo.
José viu a mágoa de Maria mergulhada num mar de alegria,
E a saudade daquele sorriso já há muito que o andava a matar.
Sabia o mal que tinha feito, carregando a sua culpa.
Mas a sua companhia fazia-o voltar a sonhar.

Madalena não mais podia ser o seu nome.
Não sabia quando poderia voltar a chorar, se algum dia José voltaria a partir.
Sabia apenas que queria voltar a aproveitar os dias que aclamavam por vir.
Naquele dia o sol brilhava e a alegria reinava,

E Maria e José voltavam apenas a sentir o quanto ambos se amavam.

Ana de Quina F.

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