quinta-feira, setembro 24, 2015

Tenho pena de quem não ama

Olho para trás e para a frente. A verdade de um lado, a mentira do outro. O certo e o correto em confronto. O sim e o não. De um lado os ricos, do outro os pobres. E aqueles que amam e aqueles que vivem de interesses... e no meio eu. A televisão enche-se com histórias de terror, politiquices que não trazem nada de novo, pessoas que vivem vidas fantásticas, famosos que fazem tudo sem ter nada, confronto de realidades distintas e aos poucos o amor deixa de existir. Volto a olhar para trás, para lá daqueles tempos de televisão, telefones e computadores. Olho para os tempos das cartas, das palavras escritas, das conversas cara a cara, do perigo de amar e invejo quem um dia viveu assim. Invejo quem realmente lutou, quem realmente sofreu e correu atrás, quem beijou às escondidas de olhares alheios, quem inventou histórias e usou os amigos como desculpas para encontros clandestinos. Custa a acreditar que uma história dessas ainda hoje exista? Existe sim. E os amores proibidos acabam por ser os mais verdadeiros.

Nos filmes tudo é sempre mais bonito e mais fácil, com finais felizes praticamente garantidos. Na vida real nem sempre é assim. Há lutas que podem acabar mal, as consequências podem ser demasiado graves mas o risco está em cada passo que damos na nossa vida. As probabilidades de se viver intensamente são escassas. Olhando para a frente, o romantismo morreu. As loucuras são para os malucos e os imbecis que não sabem o que querem da puta da vida. E aqueles que amam devem sofrer de uma doença qualquer que ainda hoje não encontraram cura, tornando-os estúpidos por completo. Olhando para a frente e para trás, os tempos não estão assim tão diferentes. O interesse é mais comum do que os sentimentos. Não há tempo para amar, não há tempo para parar o tempo e cuidar. E olhando para trás, é tudo mentira.

Se trabalhe no INES e fosse fazer um inquérito a casais, 1 em cada 5 (ou mais) diriam que não casaram com a pessoa que queriam, porque não lhe deixaram. Diriam que casaram por estabilidade de vida e não por amor, casaram por opção de terceiros e não sua. Diriam também que não fizeram o que queriam com as suas vidas, que não conquistaram os seus objectivos de vida e pior ainda, tinham desistido dos seus sonhos por estarem com quem não queriam. E hoje seria assim tão diferente? Há casos e casos mas... nem deveria haver um mas. Tenho pena de quem não ama, de quem não fez o que queria, de quem não lutou, de quem não, pelo menos, tentou. Pobres são aqueles que jamais chegaram a ser quem realmente desejariam ser. É difícil agradar toda a gente, e nós onde ficamos? É preferível viver uma vida de mentiras e não ter problemas.

Podia-vos contar uma história bem real, mas não conto porque ainda não sei o seu final e porque não quero que fiquem a saber mais do que eu, mas tenho a certeza que vos ia apaixonar da mesma maneira que me apaixonou a mim. Há muitas formas de amar e muitas formas de o demonstrar mas hoje em dia parece tão raro que quase pensamos só existir em livros, filmes e musicas. Parece-me tudo tão metódico, tudo tão certo e planeado que não gosto do que vejo e tenho pena, pena do mundo de mentiras em que vivemos. Vivam e deixem viver, amem e deixem-se ser amados e no fim voltamos a conversar. Dizem que o amor cura tudo e quando é verdadeiro não tem tempo, não tem momento certo e simplesmente acontece... mas já ninguém acredita em contos de fadas pois não? Não é preciso, pois não há nada mais real do que o amor.

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