Hoje apetece-me descarregar a minha frustração para aqui! Sempre adorei ler e continuo a adorar, mas desde há um ano para cá, parece que esse prazer se desvaneceu. A capacidade de me concentrar num livro e transportar-me para aquele mundo, imaginar as personagens e paisagens descritas, ver o "filme" todo na minha cabeça, parece um esforço. É frustrante a todos os níveis e o que mais me custa ainda é ter de deixar um livro a meio. Odeio saber que nunca consegui acabar de ler O Mundo de Sofia, talvez porque esse não seja mesmo o meu estilo de leitura, por muito que goste de filosofia, mas pior do que isso, é saber que tenho a Anna Karenina por ler: já desde o ano passado que não saio da página 80, por isso, foram oitenta páginas desperdiçadas, uma vez que vou ter de voltar a ler tudo do início!
Talvez devesse voltar a ler mais Eça ou Júlio Dinis, autores que nunca me desiludiram a nível de escrita e ainda mais de história. Quero voltar a ler Os Maias, agora que tenho um nova visão das coisas que não tinha no tempo do liceu. Aliás, ler este livro foi uma "tortura" no tempo da escola, uma vez que tudo aquilo que é obrigatório já por si mete raiva, mas o pior mesmo foi ouvir tanta gente a dizer que era "um livro muito difícil de ler". Realmente o primeiro capitulo deu luta. Não o li apenas uma, nem duas vezes, mas sim três, isto tudo para tentar absorver a maior parte dos detalhes da descrição interminável e pormenorizada daquela casa. Passado esse capítulo, dava por mim a ler 3 ou 4 capítulos por dia. Preferia mil vezes ler aquele livro do que estudar. Às vezes vinha a correr para a cozinha ou para a sala ler em voz alta algum episódio engraçado que tinha acabado de ler. Outras vezes ria sozinha no quarto e pouco faltou para também conseguir chorar. Foi o livro que mais me despertou sentimentos como se estivesse a ver um filme e não a ler. Mas aquele que mais me fez rir, quase sem parar, foi o Don Quixote, embora confesse que já para o fim só o queria despachar, talvez porque já nessa altura a "paciência" para ler estava a ir-se embora.
A verdade é que alguma coisa tem de ser feita, porque além de ainda ter muitos livros na prateleira à espera de serem abertos e lidos, é um gosto que realmente não quero perder por nada deste mundo. Não quero deixar de conhecer novos mundos e personagens só que algo me roubou esse gosto. Mas agora o importante é escolher o livro para começar, lentamente, a ganhar o hábito de ler todas as noites ou durante a tarde, no meu quarto, sem ninguém me chatear. Quem sabe até seja preciso ler um livro que não seja um clássico, daqueles BestSellers de virar páginas porque, a bem ou a mal, é para isso que eles servem, para devolver um pouco a concentração que outros livros mais "puxados" exigem. E é isso que me falta. Isto leva-me a pensar que muitas vezes ouvi-mos aquela celebre frase do "o que interessa é ler, não interessa o quê!"... não acho que isso seja bem verdade, mas nestes caso talvez se aplique.
Se formos pensar bem nestas palavras, muitas vezes ouvimos na televisão debates ou notícias sobre a importância de leitura nos jovens e crianças, mas nem sempre essa importância é explicada. Eu também não era muito fã de leituras quando era miúda, até que um dia uma professora de Português decidiu ler-nos, no fim de cada aula, As Crónicas de Nárnia (que, diga-se, naquela altura, não tinha a fama que tem hoje, isto há mais de 10 anos atrás). Foi a ouvir esta história de aventura, a possibilidade de imaginar um mundo mágico e de me sentir completamente absorvida por aquela leira em voz alta, que me levaram a ganhar interesse pelos livros, sem nunca mais parar. É disto que as crianças precisam, estímulos, porque só assim podemos ter capacidade de imaginar e ser-mos criativos... e é precisamente esta criatividade que as sociedades de massas parecem fazer questão de matar! É preciso, cada vez mais, saber destingir se o que lê-mos é real ou fictício, quer seja num livro, quer seja nas notícias. É a parti da leitura que podemos desenvolver um sentido mais crítico do mundo que nos rodeia.
É isso mesmo que sinto falta ao ler um livro e talvez seja por isso que a vontade de ler tenha desvanecido um pouco: não há nada melhor do que ler algo e partilhar o que se leu com os amigos ou discutir com alguém ideias e opiniões sobre aquilo que se leu. Desconstruir um pensamentos (do autor) para construir um novo (o nosso). O livro não serve apenas para ficar na estante mas para partilhar, mesmo ele estando lá quieto e imóvel. Agora sei que preciso mesmo de voltar a ler como antes, não interessa a quantidade, mas a qualidade da leitura. E é mais por isso mesmo que tenho este blog, por ter alguns amigos que não lêem absolutamente nada, mas até se dão ao trabalho de ler o que escrevo e é aqui que a máxima do "o que interessa é ler, não interessa o quê!" faz todo o sentido. Boas leituras a todos vocês.
Eu chorei a ler os Maias! LOL Fica aqui o desabafo :p
ResponderEliminarhahaha dá pra isso dá =) esqueci-me de mencionar um livro que li já umas 4 ou 5 vezes do início ao fim porque o adoro: A mascara veneziana, de Rosalind Laker... obrigada pelo comentário, beijinhos*
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