sábado, julho 07, 2012

É preciso ser do contra

Não sei muito bem por onde começar. Quero, a todo o custo, evitar falar de temas polémicos como política ou religião, mas tenho que manifestar o meu desagrado com a excessiva standarderização da sociedade de hoje em dia. É por isso que, cada vez mais, apoio o facto de termos de ser do contra. Mas atenção, não basta ser do contra só porque sim, só porque hoje acordamos com vontade de falar mal ou criticar algo. Há que ser inteligente. Como se costuma dizer, uma discussão não se ganha com o tom de voz usado, mas com os argumentos que apresentamos.

Não sei se sou eu que estou a crescer e ganhar outra visão do mundo, ou se simplesmente ele sempre foi assim e como era miúda, não ligava a questões que hoje me invadem diariamente, mas cada vez mais reparo na desumanização que existe em tudo o que fazemos e pela forma que somos tratados enquanto cidadãos do mundo. Assusta-me ter consciência que cada vez mais se mata o incentivo à criatividade, logo desde criança. Uma educação fundamentada por computadores e Internet, com o desassossego de não saber o que fazer quando falha a luz ou simplesmente não há sinal. Onde está a inteligência, o incentivo ao pensamento crítico? Onde foi a necessidade de questionar aquilo que vemos e ouvimos? Onde está o interessa pelo saber mais do que aquilo que, supostamente, nos ensinam?

Ainda estou sob o efeito escandaloso de ontem ter lido uma declaração de uma rapariga que tinha de gerir uma biblioteca ilegal dentro da sua própria escola, porque tinha saído uma lista de livros, por parte do director da escola, cujos alunos estavam proibidos de ter acesso. Estamos a falar de livros que se tratam de clássicos da literatura como A Divina Comédia de Dante ou A Quinta dos Animais de George Orwell, que convenientemente se torna prático tirar do alcance dos alunos, para não levar a massa cinzenta dos mesmos a sair do caminho traçado e pretendido por parte dos educadores: máquinas de trabalho. Mas como todo o fruto proibido é o mais apetecido, a verdade é que os alunos começaram a requisitar mais livros a essa mesma rapariga, aumentando consideravelmente o número de leitores na própria escola, não apenas de livros, mas sim de clássicos. Fiquei a pensar se este será caso único? E se realmente se admite em pleno século XXI haver uma censura de livros? Estaremos em retrocesso? Poderemos deixar que, hoje, cometamos os mesmo erros do passado?

Quando digo que é preciso ser do contra é a isto que me refiro, à necessidade de questionar aquilo que ouvimos e lê-mos, a necessidade de criar um pensamento próprio e não nos deixarmos influenciar e aceitar de bom grado aquilo que nos injectam todos os dias em locais como a rádio e a televisão, a necessidade de sermos cada vez mais criativos para não nos roubarem a nossa identidade de não passarmos apenas a ser máquinas de um sociedade cada vez mais elitista. Cada vez mais é preciso entreter o povinho, deixá-lo extasiado em frente ao televisor ou ao computador, sem fazer nada, nem mesmo pensar e por isso mesmo, cada vez mais é preciso lutar contra esse entretenimento e tornarmos-nos mais activos, deixar que tenhamos uma voz sem ser apenas através de um voto, deixar que tenhamos um pensamento próprio e que não sejamos apenas burros com palas que seguem os seus donos pelo caminho que eles querem, mas sim que tenhamos capacidade e liberdade de escolha do caminho que queremos seguir. Por isto tudo e muito mais, é preciso ser do contra!

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