Campos abertos por onde correr.
Olhando em volta, a paisagem move-se ao sabor do vento, vagueando entre as árvores e as ervas, acalmando planícies, desafiando o rio que corre lá em baixo. Daqui te vejo
e aprecio a grandeza e a plenitude que só tu consegues trazer. Os caminhos são
estreitos mas longos, onde o fim fica difícil de encontrar. Quantas almas
passaram por aqui? Perdeste-lhes a conta e eu também... E apenas o que está aqui,
agora, interessa.
Ao longe, as casas parecem
pequenos pontos, como um quadro que nos faz parar e apreciar a sua beleza.
Apenas elas não se movem, apenas elas estão ali a mais, tudo o resto és tu,
como sempre foste. Ninguém poderá roubar-te a sabedoria, a fertilidade e a
beleza que possuis. Nem mesmo a um cego passarás despercebida, ao sentir a tua
brisa, o teu cheiro, desafiando a mente, imaginado aquilo que não és, mas
poderias ser. Nunca deixarás de ser tu e aquilo que todos vêem, ninguém pode
desfazer, como uma tela de um quadro que podemos queimar e destruir. Fazer-te
isso seria um crime.
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Pintura de Balbina Mendes |
Guardo-te dentro de mim como
um refúgio, procurando saber quem sou para ti, recordando-te, como uma pessoa,
como um ser que não se vê mas se sente e toca. Imaginar-te como pessoa serias,
no mínimo, perfeita, por isso é melhor nem pensar nisso, pois nós não somos
perfeitos, mas tu serás sempre, passe quem passe, aconteça o que acontecer.
Nunca deixarás de ser quem és e nós continuaremos a pensar em ti, lembrando-te,
esquecendo a vida que levamos, os mestres da escravidão. E o sol brilha de
maneira diferente em todo o mundo, até em ti. Eu sei, porque eu vi.
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