quarta-feira, outubro 17, 2012

Hei-de Lembrar-me de ti!

Nem sempre é fácil descrever aquilo que vemos ou vivemos, muito menos tornar uma paisagem num ser humano bem próximo de nós, mas há locais que se tornam, pouco a pouco, parte de nós e começamos a olha-los com outros olhos. Aqui fica uma pequena descrição de um dos locais mais bonitos que já vi no nosso Portugal e que, muitos como eu, devem conhecer.

Campos abertos por onde correr. Olhando em volta, a paisagem move-se ao sabor do vento, vagueando entre as árvores e as ervas, acalmando planícies, desafiando o rio que corre lá em baixo. Daqui te vejo e aprecio a grandeza e a plenitude que só tu consegues trazer. Os caminhos são estreitos mas longos, onde o fim fica difícil de encontrar. Quantas almas passaram por aqui? Perdeste-lhes a conta e eu também... E apenas o que está aqui, agora, interessa.

Ao longe, as casas parecem pequenos pontos, como um quadro que nos faz parar e apreciar a sua beleza. Apenas elas não se movem, apenas elas estão ali a mais, tudo o resto és tu, como sempre foste. Ninguém poderá roubar-te a sabedoria, a fertilidade e a beleza que possuis. Nem mesmo a um cego passarás despercebida, ao sentir a tua brisa, o teu cheiro, desafiando a mente, imaginado aquilo que não és, mas poderias ser. Nunca deixarás de ser tu e aquilo que todos vêem, ninguém pode desfazer, como uma tela de um quadro que podemos queimar e destruir. Fazer-te isso seria um crime.

Pintura de Balbina Mendes
A felicidade que existe em ti durante um mês é ilusória. Apenas os que te puderam ver o cair da folha, o teu manto de neve e o nascer da flor, saberão a sorte de fazer parte de ti e todos os outros nunca te irão conhecer verdadeiramente. E as formas que o céu ganha quando acordas e quando te deitas são difíceis de qualificar mas tão fáceis de apreciar, que qualquer um se torna vulnerável ao teu encanto. E quando adormeces, tornas-te ainda mais bela.

Guardo-te dentro de mim como um refúgio, procurando saber quem sou para ti, recordando-te, como uma pessoa, como um ser que não se vê mas se sente e toca. Imaginar-te como pessoa serias, no mínimo, perfeita, por isso é melhor nem pensar nisso, pois nós não somos perfeitos, mas tu serás sempre, passe quem passe, aconteça o que acontecer. Nunca deixarás de ser quem és e nós continuaremos a pensar em ti, lembrando-te, esquecendo a vida que levamos, os mestres da escravidão. E o sol brilha de maneira diferente em todo o mundo, até em ti. Eu sei, porque eu vi.

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