sábado, janeiro 19, 2013

Pais Vs. Filhos

Depois de ler um livro e ter estado a digeri-lo por alguns dias, dei por mim a pensar constantemente na mensagem do mesmo. Confesso que é daqueles livros que, caso não fosse o facto de estar a 2euros, certamente não me daria ao trabalho de dar 15euros como costuma ser o seu preço de venda, logo, não teria muita curiosidade em agarrar nele, embora o facto de se passar em Itália, seja sempre uma mais valia para ler um livro, seja ele de leitura fácil ou simples. Em dois dias devorei o livro, mas um dia tinha chegado perfeitamente, pela sua escrita fluente e claro, por ser um romance. Não interessa  o titulo, não interessa a verdadeira história, mas sim a questão essencial que me deixou a pensar nestes dias.

Essa questão é simples: até que ponto conhecemos os nossos pais? E até que ponto os nossos filhos nos chegaram a conhecer a nós?... A situação é simples mas demasiado complexa no que toca à verdadeira atitude. Primeiro dei por mim a concordar com o facto de, muitas vezes, os nossos pais (meus ou doutras pessoas quaisquer) parecerem ter-se esquecido que, um dia, também foram da nossa idade, também foram como nós. Até que ponto podemos ser realmente "chegados" se não sabemos aventuras, sonhos, amores, vitórias, desgostos e situações que os fizeram ser aquilo que são hoje. Muitas vezes se fala dos tempos de criança e é natural, porque são tempos em que, com o próprio tempo, apreciamos e damos mais valor por termos tido a vida aos nosso pés sem uma única preocupação.

Mas outras vezes, o tempo da juventude, em que nos começamos a tonar homens e mulheres, parece ser algo mais complexo de partilhar. É aqui que parece que o tempo se apagou, entre os 25 e os 35 e é aí que parece que os nossos pais passaram de crianças e jovens para pais adultos e responsáveis  Então e o resto? Os dissabores da vida? As alegrias das conquistas pessoais e profissionais? Os tempos e as modas? Os amigos e aqueles que nunca mais voltaram a ver? As promessas desfeitas e os imprevistos da vida? Tudo parece ter-se perdido no tempo. Então e nós? Será que também nós, filhos, quando nos tornar-mos pais, também nos vamos esquecer daquilo que fomos? Daquilo que éramos e daquilo em que nos tornámos? Seremos capazes de ser sinceros e abrir-mos o livro das nossas vidas de forma a partilhar e demonstrar aos nossos filhos que, além de pais, também fomos pessoas como eles? Até que ponto a nossa visão sobre eles se pode alterar para nós? Aproximar ou afastar? Quem eram eles antes de estarem juntos e quem se tornaram depois?

Tudo isto é muito complexo, por muito simples que pareça. Parece que o factor "pais" pesa na vida de todos nós. Parece que fomos esquecendo uma parte de nós próprios porque nos viramos para os filhos, mas será que os filhos não gostariam de sentir que também os pais erraram, também os pais sonharam, também eles conseguiram ultrapassar dificuldades, também eles amaram mais do que uma vez e também eles bateram com a cabeça no chão ao pensar tomar um passo certo? E isso, chega para conhecermos a nossa família, que nos protege.... e a nós próprios? Até que ponto, sabendo mais ou menos, poderá alterar a nossa identidade, aquilo que pensamos ser, para quilo que realmente somos? São todas questões que nestes últimos tempos me fizeram analisar a nossa capacidade de comunicar em família porque, quantas vezes passamos horas a falar de tudo com outros e nem somos capazes de falar do que aconteceu num dia a um familiar? Até que ponto só mostramos parte de nós àqueles que merecem o nosso todo?

Fica a questão no ar. E claro, a ideia de que há livros que podem ser mais do que uma bela capa, uma bela história. Pode ser a porta para uma ideia, um pensamento e uma atitude. Sem duvida que continuo a preferir a companhia de um livro, a muita da tecnologia que nos rodeia e sem dúvida que cada vez mais a família se torna o centro de tudo o que eu faço!

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